Hoje é o jogo das oitavas de final entre Bélgica e
Estados Unidos. Ocorrerá às 10 da noite aqui em solo belga. Desde o início da
copa, tenho vizinhos com a bandeira belga nas janelas, alguns carros têm uma
capa com as cores nacionais nos retrovisores (que eu chamo carinhosamente de
orelha belga), o carrefour vende figurinhas da seleção belga para um álbum
específico dos diabos vermelhos (les diables rouges), a loja de eletrodomésticos
Media Markt promete devolver o valor pago por televisões compradas em junho e
julho, caso a Bélgica seja campeã mundial.
O pessoal anda bastante confiante.
Parece tudo bastante animado, né? Mas não se compara com o Brasil...
(Álbum de figurinhas dos Diables Rouges)
(Selos dos correios comemorativos)
(Media market promete devolver o dinheiro se a Bélgica for campeã)
(Torcedora famosa)
Lembro-me das copas passadas no Brasil, quando já acordava com
algum vizinho cornetando a manhã, no almoço ouvia buzinas loucas, à tarde
amigos e parentes chegavam, todos estavam nervosos, todo mundo para lá de Bagdá
de tanta cerveja e, quando um gol surgia, não havia uma casa ou apartamento que
não gritasse gol, mais corneteiros ensurdecedores, outros soltavam fogos, mais
buzinas, cachorros latindo, alarmes de carro alucinados. Galvão gritando gol
até tremer a voz.
Aqui não está acontecendo nada...
(Animação só nas praças onde os jogos são exibidos nos telões)
Como eu disse, tenho vizinhos com a bandeira belga na
janela, mas nos jogos quem gritava gol era eu: e só eu...
Moro numa área
residencial e classuda: mas e daí?!
Está certo, há áreas na cidade com telões, e lá a
festa é grande, nos bares também, mas e as casas?! Por que ninguém grita dentro
de casa? E as buzinas? Escuto uma ou outra buzina, porque moro ao lado da
parada de transporte público “Brasil”, e ali as pessoas buzinam. Praticamente
só ali, na praça Flagey que tem bares e... só.
Será que hoje, no mata a mata, vai ser diferente?
(Bandeira do Brasil nas cores belgas)
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