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terça-feira, 20 de maio de 2014

Comer em Bruxelas



Gastronomicamente, Bruxelas é conhecida por sua batata frita, seus chocolates, os waffles (aqui chamados de gaufres), os mexilhões (moules) e o espéculos (biscoito de canela). Claro que não podemos esquecer as cervejas belgas.

Por incrível que pareça, eu – que não gosto de cerveja e nem sou muito chegada em chocolates (já ouvi dizer que estou morando no lugar errado) – pretendo dar dicas de onde comer e beber por essas bandas!

A maior parte dos turistas que conheço está em Bruxelas em rápida passagem, de no máximo 24 horas. Normalmente um pit stop entre Paris e Amsterdã ou Paris e Bruges. Ou seja, quase ninguém conhece a cidade mais que superficialmente. Com certeza, ela não é esplendorosa como Paris ou não tem a fama louca de Amsterdã (as irmãs mais próximas que a ofuscam severamente), mas é muito bonita, cheia de parques, arquitetura encantadora e culturalmente diversa. Como vocês sabem, Bruxelas é a capital da Europa, e eu até já fiz aqui no blog um post sobre esse assunto. (http://dabelgica.blogspot.be/2013/12/quarto-post-capital-da-europa.html)

Então, se você vier em breve passagem pela cidade, pode focar-se nos restaurantes mais próximos aos pontos turísticos; ou se você vier trabalhar, morar ou visitar amigos e parentes, pode tentar experimentar os outros points de Bruxelas.

1)      O centro histórico:

O centro histórico de Bruxelas não se resume apenas à Grand Place. Ela é sim o grande cartão postal da cidade, é uma das praças mais bonitas do mundo, cheia de lojinhas, comidinhas, arquitetura gótica e barroca, mas não se esqueçam das outras dicas que vou dar que estão bem ali perto.

Grand Place: Aqui você pode se deliciar com os famosos gaufres (waffles) de Bruxelas, tanto nos restaurantes da praça que colocam suas mesinhas e cadeiras na rua em épocas de tempo bom (normalmente de maio a setembro), quanto nas lojinhas (quase portinhas) nas ruas laterais que dão acesso à praça, onde se formam filas e obviamente o preço é bem mais barato. Foca nisso: se quiser sentar, relaxar numa mesinha do cartão postal, pedir pelo cardápio, comer no prato com talheres, você vai pagar mais caro. Se quiser comprar nessas lojinhas e comer em pé (ou sentar no chão da praça como fazem os adolescentes felizes) com a ajuda de um guardanapo, é bem mais barato. Por exemplo, o waffle simples – sem cobertura nenhuma – nessas lojinhas custa 1 euro. Embora ele puro já seja bom, pois o açúcar derrete e caramelisa na máquina, eu aconselho pedir chocolate em cima, morango, etc. Cada acréscimo sobe o preço, mas ainda vai ficar bem mais barato do que sentar na mesinha do restaurante que está ali há 300 anos. 

(Gaufre ou waffle)

Sobre os restaurantes que estão ali há séculos, são também bons lugares para tomar as cervejas belgas. Existe o famoso “Le cygne” (ou “La Maison du Cygne”), fácil de achar ali na praça porque tem a estátua de um cisne em cima da porta, e era frequentado até por Karl Marx, que expulso da França passou alguns anos exilado em Bruxelas e aqui redigiu o Manifesto do Partido Comunista. Neste eu nunca entrei, pois ele obviamente é chique e caro. Mas todos dizem que é bom.

Há também o Le Roy d'Espagne (tem esse nome porque essa região da Bélgica já foi parte do reino espanhol) e ele fica bem perto da Maison du roy ali na praça mesmo (hoje o museu da cidade de Bruxelas), local onde se hospedava o rei da Espanha quando vinha para essas bandas do seu reino. Já belisquei por lá enquanto minha irmã tomava umas cervejas. É ok, vale pela vista.

(Mesinhas na Grand Place, em frente ao Le Roy d'Espagne, lá dentro também tem um segundo andar bacana, para quem ficar nas janelinhas.)

Galeries Royales Saint-Hubert: Fica do lado da Grande Place, merece ser conhecida. Construídas em 1847, elas formam corredores com fachadas idênticas e teto de vidro. São lojas de bolsas, sapatos, chapéus, rendas (outra tradição belga que quase ninguém conhece), chocolates, cafés, lojas de móveis e livrarias.  Ali você encontra os famosos chocolates Neuhaus e o mais caro e chique Pierre Marcolini. Eu – que como só um pouco de chocolate – gosto mais da Neuhaus mesmo. Na Pierre Marcolini gosto de umas tortinhas que só são feitas em uma loja específica e em breve eu vou dizer qual é. Mais uma vez, você pode lanchar seu gaufre e tomar uma cerveja (ou tomar um sorvete de espéculos), um café, um bolo, no Mokafe

 (Por dentro da galeria)


 (Olha como tudo fica bem pertinho)

Por que a Galerie é legal? Porque além de linda, se estiver chovendo e ventando, é bem melhor do que ficar a céu aberto na Grand Place. Além disso, se você caminhar pela galeria, encontrará a Rue des Bouchers, que é uma ruela medieval lotada de restaurantes! 

 (Rue des Bouchers)

Vale lembrar que estamos falando de áreas extremamente turísticas, de maneira geral, tanto na Grand Place quanto na Galerie ou na Rue des Bouchers, você poderá se deparar com alguns preços salgados se não souber cacifar, e até alguns “pega-turistas” (aquelas comidinhas mais ou menos e bem caras). Mas onde ir quando só tem 24 horas (ou até menos) em Bruxelas? É por essa área mesmo, cacifando o que dá, você ficará feliz com tudo, tenho certeza! 

Qual restaurante eu indico na Rue des Bouchers? O restaurante “Chez Leon”. As especialidades são as comidas belgas, portanto moules (os mexilhões fritos, cozidos, com queijo, com tudo!), peixes, carbonnades flamandes (carne cozida na cerveja escura: pense nisso!), pratos com stoemp (o purê de batatas deles, misturado com outros ingredientes, como vegetais, bacon, cebola e outras coisas divinas), waterzooi (quase uma sopa de frango) e outros mais. Mesmo que você não queira comer na Rue des Bouchers, terá que entrar nela por duas razões bem próximas uma da outra: um beco à direita dessa rua, onde se localiza o bar Delirium (com cardápio de mais de 2 mil cervejas – se você quiser pode comprar o cardápio, quase um livro, com o nome de todas elas, por 5 euros) e a Jeanneke Pis  a versão feminina do menininho que faz xixi, o Manneken Pis). No Delirium, eu que não bebo cerveja, normalmente vejo meus amigos pedirem as cervejas trapistas. Normalmente é bem lotado, mas vale a experiência. Só fico chateada, porque eles praticamente só servem cerveja, pedir outra bebida é um parto.

(Carbonnades flamandes no Chez Leon)
 
 (Mexilhões no balde com batata frita de acompanhamento: um clássico na cidade)

Isso é basicamente o que os turistas fazem nas poucas horas de Bruxelas. Mas ali no centro existe também a área da Bourse (o prédio lindo da antiga Bolsa de Valores), pertinho de duas áreas ótimas: Place Sainte Catherine e Saint Gery.

É tudo perto, vamos andando. Eu passei muito tempo sem perceber que a Bourse ficava uns dois quarteirõezinhos atrás da Grand Place. Portanto, andar até lá e encontrar a Avenue Anspach, uma das grandes ruas do centro da cidade – onde os belgas circulam e não só os turistas – atravessá-la e chegar à Place Saint Catherine é bem fácil.

Place Sainte Catherine: É linda, com uma igreja no centro e vários restaurantes em volta. Os belgas adoram comer frutos do mar feitos na hora na peixaria/restuarante “Mer Du Nord” (Nordzee). Eles ficam ali em pé, apoiados nas mesinhas, bebendo vinho e champagne que a casa também vende, comendo os camarões, lulas, polvos, ostras e moules que escolheram na vitrine. 

(Place Sainte Catherine)


Eu prefiro os hambúrgueres e as batatas fritas do “Elis” ou mais uma vez os pratos belgas (que eu já citei) no “La Villete”. Recomendo muito esses dois! =) Na lateral da igreja, você encontrará mais restaurantes (normalmente de frutos do mar) em frente a um grande canal.


(Na lateral da praça)

A Sainte Catherine no natal recebe o “Les plaisirs d’hiver” (os prazeres de inverno): tem carrossel, pista de patinação no gelo, roda gigante, e inúmeras barraquinhas de comida de inverno! Vai da Grand Place, com árvore de natal e presépio, até lá!

(Os prazeres de inverno)

Saint Gery: Da Sainte Catherine (ou da Bourse/ ou da Grand Place) você pode andar até a Saint Gery, uma área de bares e restaurantes. Ali bomba! Assim como o Delirium enche de turistas, a Saint Gery também enche de “locais”. Lá eu adoro o “Mappa Mundo”, que além de cerveja tem mojito (esse eu bebo) e outros drinks e algumas comidinhas, como um nacho bem gostoso! E o “Le Roy des Belges” que só tem uma ou outra comidinha até certo horário, depois é só bebida mesmo.

(Mappa Mundo)

(Le roi des Belges)

Essa área é praticamente uma China Town, existem vários restaurantes asiáticos, o que é ótimo porque eles costumam ser baratinhos, e eu tenho tara naquelas sopinhas com macarrão cabelinho de anjo! Depois farei um post apenas sobre os asiáticos!

Grand Sablon: Essa praça, muito próxima do Palácio Real e da área dos museus, é uma das que eu mais gosto. Tem um jardim lindo em frente, o Petit Sablon, e uma igreja medieval (Notre Dame Du Sablon). Final de semana tem feira de antiguidades. A praça também está rodeada de lojas, restaurantes, chocolaterias, e também antiquários e galerias de arte: lindo! Para se ter uma noção, ali você encontra duas Pierre Marcolini, uma delas, bem no centro da praça, além  de chocolate vende outros docinhos (as tais tortinhas de matar qualquer um). A outra fica lá em baixo no fundo da praça, ao lado da Neuhaus e de uma Godiva!

(Grand Sablon)

  
(Uma das Pierre Marcolini na cidade) 


Qual a grande dica da praça? A melhor batata frita do mundooo! Fica no “Comics Café”! É uma loja enorme de personagens e revistinhas em quadrinhos (as criações belgas como Tin Tin, Smurfs, etc) com um restaurante anexo. Os hambúrgueres são incríveis e eles vêm com a tal batata frita fantástica!!! Outro muito bom é o “Lola”, cozinha internacional que normalmente precisa de reserva, e o “L’entrée des artistes”. Eu diria que são restaurantes de um caro que dá para pagar de vez em quando. Mas se quiserem uma boa dica de comida rápida e baratinha ali perto é o “Le Perroquet”, que serve pitas! Pitas são aqueles sanduíches abertos com molhos ótimos! Também é bom para beber alguma coisinha.


 (Vai nessa batata frita, é só pedir um hamburger qualquer, eu adoro o "Obama")



 
(Olha a pita do Le Perroquet aí)

Isso é basicamente o centro da cidade (tem outras áreas, como a rua Gay que também é bem legal e várias ruazinhas próximas à Grand Place). Vou fazer um post dos points gays depois! Se você estiver sem dinheiro, saiba que o centro da cidade é cheio de árabes que vendem durums, kebabs e kaftas. Na Place Sainte Catherine tem um, na Avenue Anspach tem vários.

2)      Avenue Louise e cercanias:

Essa é uma das ruas mais famosas da cidade, mas aqui raramente os turistas chegam. 

Louise: Indico “L’Atelier de la truffe Noire”. É para aniversários de casamento e eventos semelhantes: é caro, já aviso logo. Existe uma versão dele chamado simplesmente de “Restaurant de La Truffe Noire”: nunca fui, porque tem uma estrela Michelin. Estrela Michelin = preço nas alturas! Amigos que foram nos dois confirmam que o atelier é até melhor, porque o ambiente é aconchegante e a comida é ótima sem ser afrescalhada.



Place Chatelain: Essa é uma festa! Para começar, toda quarta-feira tem feira! Não só de legumes, frutas, verduras, carnes e peixes, mas também biscoitos, queijos, vinhos, flores! E eles vendem as taças de vinho e champagne para você ficar bebendo na rua. No verão lota! A praça, como sempre, é rodeada de restaurantes. Indico o italiano “Basta Cosi” e ali perto, na rue du Page, o “La Quincaillerie”: aquele típico restaurante lindo, que um dia foi uma loja/armazém de vender quinquilharias mesmo, que de noite é meio caro, mas no almoço tem o menu executivo por um bom preço. Vários garçons são portugueses, é ótimo isso! 

(Quarta-feira de verão na Place Chatelain)

(Quincaillerie, reparem nas gavetas do antigo armazém que eles mantiveram)

Não muito distante, em Uccle, na Chaussée de Waterloo, n. 1033 tem outro italiano muito bom, o “Il Carpaccio”. Você passa por fora e não dá nada por ele, mas ele é lindo por dentro e eu adorei a carne.

3)      Cemitério de Ixelles:

É, gente... Bruxelas é louca, em volta do cemitério tem uma área de restaurantes. E como fica próxima à Universidade, é cheia de gente jovem e animada. Ali indico um bar mexicano, o “El café”. De noite tem música e o povo dança. Temos um asiático baratinho e um outro italiano muito bom, o “Mama Roma”. A área é animada.

(El café, a night do cemitério)

4)      Place Jourdan:

Perto do quartier européen (Parlamento + Comissão europeia) essa praça também é cheia dos restaurantes. No centro da praça tem um quiosque especializado em batata frita, faz fila e tudo. Comi lá uma vez só, era muito boa, mas tenho a viva impressão que a batata frita do “Comics Café” ganha de longe! Ali encontramos restaurantes árabes, como o “Chez Fatma”, barato e bom. O “Café des épices” bem legal também, adoro o risoto de camarão deles. E no italiano “Prego” tem sorvete de espéculos!

(Cafe des épices)

Espero que esse post seja útil a alguém.  =)