Vamos falar de Míconos
(ou Mykonos), uma das ilhas gregas mais procuradas no verão, sobretudo para
quem busca praias de água cristalina e festas.
Míconos faz parte do
grupo de ilhas gregas conhecidas como Cíclades, no mar Egeu. O nome Cíclades
faria referência a círculo, já que elas formam um círculo em volta de uma ilha
sagrada para os gregos: Delos. (Por sinal, muito perto de Míconos).
Segundo a mitologia
grega, Delos é o local de nascimento dos deuses gêmeos Apolo e Artemis. A ninfa
Leto engravidou de Zeus, cuja esposa Hera tomou ódio da amante e prometeu que
ela não encontraria lugar na Terra para parir seus filhos. Por intervenção dos
deuses, Poseidon fez emergir dos mares a ilha flutuante de Delos, local de
refúgio e nascimento dos gêmeos. Míconos, por sinal, é o nome de um dos filhos
de Apolo.
Como ir: --- Prefiro avião ---
Para irmos de Atenas até
lá, existem basicamente duas opções: avião ou barco.
(Eu até vi muitos helicópteros pousando na ilha, mas isso é coisa de magnata.)
(Eu até vi muitos helicópteros pousando na ilha, mas isso é coisa de magnata.)
Mar Egeu visto pelas janelas da Aegean. |
Na maioria dos blogs que
pesquisei, quase todos indicavam ir de barco. São aquelas embarcações enormes,
com bastante espaço e lanchonetes. As pessoas argumentavam que, além de ser
mais barato que avião, esses barcos ainda tinham outra suposta vantagem: algumas
paradas obrigatórias pelo caminho, em ilhas próximas a Míconos, o que lhes
davam uma ideia de estarem num cruzeiro. É como se pudessem conhecer (ainda que
apenas de dentro da embarcação) várias ilhas gregas... Mas eu me informei e
descobri que os barcos mais rápidos demoravam 4 horas para chegar! (Sim, os
mais lentos demoram ainda mais).
4 horas? Com meu filho
correndo de um lado para o outro? Não, obrigada...
Teríamos que pegar o
barco das 7:30 da manhã (o que implicaria em acordar bem cedo, às 6 da manhã –
nós e o baby, que só acorda 8:30) para estarmos no porto um pouco antes do
horário de saída do barco. Chegaríamos em Míconos perto da hora do almoço, o
que ainda permitiria tempo para curtir um pouco de praia nesse mesmo dia de
deslocamento. Mas se eu quisesse um barco que saísse mais tarde, num horário
mais digno, lá pelo final da manhã, só chegaríamos no final da tarde: um dia
perdido unicamente em deslocamento.
Reparem que o mar é maravilhoso, mas a paisagem em volta é sempre muito seca e desoladora. |
O voo que pegamos, no
final da manhã, levou 25 minutos para chegar: perfeito! Rápido, sem que ninguém
precisasse madrugar, e permitindo que a gente já chegasse curtindo praia. =) Muito melhor!
Praia de Elia, Míconos. |
É o dobro do preço do
barco, mas não estamos falando de nenhum helicóptero: é um conforto pagável,
que talvez deva ser levado em conta na ponta do lápis, sobretudo se você também
tem um bebê de colo. E comprar com antecedência, que sai mais barato!
Outra coisa que depõe
contra o barco é a seguinte: você não está fazendo nenhum cruzeiro, não vai
desembarcar para ver ilha nenhuma pelo caminho, você só estará vendo o porto
desses lugares. O porto! Quer lugar mais sem graça?!
Além do mais, eu já estou
num cansaço de mãe, que não quero ficar conhecendo várias ilhas. Para vocês
terem uma ideia, nós ficamos em uma única praia de Míconos, sem praticamente
sair de lá para nada: relaxar, jiboiar, ficar largado no paraíso, esse era o
objetivo.
Em qual praia ficar: --- Escolhemos Elia ---
Pesquisando nos blogs de
outros viajantes, antes de decidir o que fazer e onde ficar, vi quais eram as praias
mais famosas de Míconos. As de ambiente mais tranquilo, sem música na praia:
Kalo Livadi, e Elia Beach. E as praias do agito, como Paradise Beach, Super
Paradise Beach, e Paraga Beach.
Alguns se hospedam na
própria capital de Míconos e todo dia de manhã ou pegam um transporte público,
ou pegam um carro que alugaram, e vão para diversas praias diferentes, a fim de
conhecer várias ao final da viagem. Outros ficam hospedados numa dessas praias
que mencionei (ou próximos a elas) e também fazem o mesmo deslocamento cada dia
para uma praia diferente (ou até mais de uma). Mas não era isso que eu
queria...
Eu queria ficar largada
na areia de uma praia só! Dali para o mar, do mar para o restaurante, do
restaurante para o chuveiro, do chuveiro para cama: só isso. (Claro que
intercalando trocas de fralda, almoço de bebê, renovar protetor solar do bebê, soneca
de bebê, brincar de baldinho de areia, incentivar para que ele não tivesse medo
do mar, jantar de bebê, banho, colocar para dormir, etc.). Entenderam por que eu
queria ficar largada num lugar só?
Elia Beach! |
Olha a transparência da água em Elia! =) |
Então, eu precisava da
melhor praia, aquela com a água mais clara e mais calma, um bom restaurante na
areia que fosse minha segunda casa (e o depósito de todas as nossas economias
em função de nos fornecer todas as nossas refeições). Ou seja: eu precisava de
infraestrutura numa praia calma e perfeita. Sem a música e a badalação na areia
de Super Paradise e suas semelhantes. É possível isso? Sim, na Praia de Elia
encontramos isso.
Como pagar o paraíso?
--- Planejamento e antecedência.
Se
você vai com criança pequena, veja abaixo se o meu esquema de hotel não foi
perfeito e barato!!! Um achado! ( http://www.eliamykonos.gr/
)
Míconos, ao contrário de
Atenas, é muito cara! Enquanto em Atenas, aquele meu hotel bonito e bem
localizado custava pouco mais de 100 euros a diária (o mesmo valor de qualquer Ibis
mal localizado em Paris, por exemplo), em Míconos, de frente para a praia, a
diária não sai por menos de 300 euros: pode procurar! Às vezes mais: ali o céu
é o limite! São os famosos resorts branquinhos, de piscina com borda infinita, tão
conhecidos dos anúncios turísticos da Grécia, olhando para o mar azul lá
embaixo. Como pagar? Como passar 4 noites num esquema desses?
Royal Olimpic Hotel, de Atenas, no Booking.com |
Eu consegui o hotel perfeito: Elia Beach (Alguns chamam de Elia Beach studios by the sea: http://www.eliamykonos.gr/). Esqueçam os resorts: trata-se de uma pousadinha, uma vila de casinhas brancas, na frente da praia. O dono tem a propriedade de um restaurante na praia (lindo e maravilhoso) e agora resolveu construir essas casinhas bem ao lado para faturar mais. Não tem piscina, nem de borda infinita nem de plástico, não tem spa nem sauna, mas tem a proximidade do mar – pé na areia – cama confortável, banheiro privativo em cada quarto, ar condicionado, café da manhã incluído e wifi muito bom. E o café da manhã é servido nesse restaurante ao pé da areia (por sinal, era onde comíamos também no almoço e no jantar: kkkkkk). Minha filosofia de vida miconiana era: daqui não saio, daqui ninguém me tira! Nos últimos dias começamos a ganhar sobremesas grátis, em agradecimento pela fidelidade. Achei lindo!
Café da manhã no restaurante da praia: perfeito !!! |
Café da manhã. |
O café da manhã era
simples, mas gostoso. Já os pratos de almoço e jantar são verdadeiramente
maravilhosos! (Pagos à parte) Restaurante muito bom!
Risoto de camarão. |
Restaurante. Adorei essa cobertura que filtrava a luz e se mexia com o vento. |
Pesquisei os preços para
você que está pensando em viajar em 2017 (quem sabe 2018). Infelizmente, agosto
de 2017 já está quase todo tomado e os quartos que sobraram são os da suíte bem
na frente do mar, mais caros: o pacote de 4 noites está girando em torno de 800
reais (que triste isso...) Mas entre as datas de 31 de agosto e 4 de setembro,
ainda há os quartos mais baratos por 600 euros o pacote! E se você for
adentrando mais em setembro (entre 5 e 9 de setembro, por exemplo), o preço cai
para 540 euros o pacote!!! Aheeeee: se eu fosse você aí planejando a viagem, corria
logo! É quase o mesmo preço de Atenas! (Porém, lembre-se de não pegar os dias
finais de setembro, é capaz do mar esfriar...) Depois, se tiver interesse,
repare nos preços estratosféricos que cobram os resorts.
Elia Beach versus um Resort qualquer: olha a diferença!!! |
Minha irmã deixou para se
planejar bem em cima da viagem. Resultado: só os resorts ainda tinham vaga.
Pagou uma nota preta, mas estava num esquema puro luxo. E o bom disso é que eu
posso destrinchar para vocês as vantagens e desvantagens de cada hospedagem:
minha pousadinha versus o Royal
Miconian Resort & Villas.
Tenham em mente que os
dois ficavam na mesma praia, a minha pousada na areia, e o resort da minha irmã
numa colina, cuja estradinha começava a subir dali do final da praia.
Royal Miconian Resort & Villas - o hotel da minha irmã. |
A jacuzi que filamos. =) |
Pousada versus Resort:
1) O
transfer do aeroporto até a minha pousada foi pago à parte: 30 euros. O
transfer do aeroporto até o resort da minha irmã estava incluso no preço do
pacote. Achei muito legal isso, mas pelo o que ela pagou, isso era mais do que
esperável: total conforto.
2) Se
eu quisesse conhecer a capital de Míconos, ou precisaria pegar o transporte
público local – um ônibus – ou pegar um taxi ou pagar novamente o transfer da
minha pousada. No resort da minha irmã havia um ônibus à disposição para levar
e trazer os hóspedes da capital até o hotel novamente: tudo incluso. Tinha uma
saída de manhã e outra às 2 da tarde, com retorno às 18:30, 19:30 ou 21:30.
Como nós tínhamos muitos dias em Míconos, quebrei a minha filosofia do “daqui
não saio e daqui ninguém me tira”, e uma tardezinha filamos esse ônibus junto
com minha irmã: foi ótimo! Ninguém nem percebeu que não éramos hóspedes.
3) O
resort tinha piscina e uma jacuzi aquecida: perfeito para um final do dia, lá
pelas 7 da noite. No entanto, como a propriedade era muito grande, cheia de
desníveis, o wifi era terrível. Só pegava justamente na piscina, mas nos
quartos nem pensar! Pelo valor que cobram, isso não é legal. OBS: Nós também
filamos a jacuzi um dia! Kkkkkk =)
4) O
resort – como é comum nos resorts das ilhas gregas – ficava no alto de uma
colina. Isso fornece uma vista bonita para o mar, mas é um pé no saco para ir à
praia e voltar! Ela precisava pegar uma van do hotel todo dia para descer até a
praia e depois para subir (trajeto de só 2 ou 3 minutos, mas ribanceira). E
mais tarde para descer até o nosso restaurante pé na areia e jantar conosco, e
depois, na hora de subir de volta para dormir, lá pela meia noite, muitas vezes
mofou esperando e subiu a ribanceira a pé mesmo.
5) Minha
pousada tinha essa comodidade maravilhosa: em poucos passos eu estava no meu
restaurante de todas as refeições, e nas espreguiçadeiras da praia. Sim, minha
pousada fornecia espreguiçadeiras com guarda sol na praia (o resort também – mas
quem vem só conhecer a praia e passar um dia, paga 20 euros pelas
espreguiçadeiras). Para nós com um bebê de colo, todas essas comodidades e
curta distância foram perfeitas!
6) O
wifi da nossa pousada era ótimo! E ainda tinha uma segunda rede de wifi, do
restaurante (que supostamente pegava na praia também), mas essa – nos horários
de pico – deixava um pouco a desejar. Porém à noite, no jantar, era perfeito. E
a internet do quarto era sempre 100% garantida!
7) Como
eu disse, em poucos passos saía do quarto e estava no café da manhã ou no mar.
No resort, que era construído ao longo da colina, minha irmã precisava subir
muitas escadas para acessar o salão do café da manhã ou a recepção de entrada e
saída do hotel. Era bonita a paisagem na escada, mas para a gente que por vezes
estava com o bebê dormindo no carrinho, seria bem complicado esse esquema.
8) O
café da manhã da nossa pousada era bem simples, mas com o prazer de ser servido
ali na cara do gol: a praia. O café da manhã do resort era um banquete fabuloso,
com o prazer de ser servido numa vista superior da praia.
Foto do site: casinha mais cara da nossa pousada, porque fica de frente para o mar. |
Aqui nossa casinha na pousada, alguns passos atrás da casa principal. |
As casinhas da nossa pousada. |
Visualizando melhor a praia e a pousada. |
Tendo dito tudo isso, afirmo-lhes
que para quem tem um bebê ou uma criança até uns 3 ou 4 anos, nossa pousada é a
melhor opção. Para quem já tem filhos mais velhos, naquela faixa etária que não
sai da piscina e ama uma jacuzi no final do dia, talvez o resort seja a melhor
pedida. Eu, por sorte, me beneficiei dos dois! \o/
OBS: Nossa pousada
disponibilizou berço para nosso filho.
\o/
OBS 2: Apesar do ar
condicionado, leve repelente para usar de manhã cedo e no final do dia. Mesmo
na praia! Meu filho foi bastante mordido e por sorte tínhamos corticoide (ele tem
alergia e as picadas incham que é de assustar).
As festas das outras praias e o barco que
te leva de Elia até Paraga Beach:
Nosso esquema foi relax.
Ficávamos lá em Elia o tempo todo, e isso só foi quebrado 2 vezes: na tarde que
fomos conhecer a capital, com suas ruelas branquinhas e cheias de lojinhas (e digam
o que quiserem, mas apesar do charme, não achei grandes coisas que valessem meu
deslocamento de mãe cansada, apesar do esquema patrão do ônibus do hotel da
minha irmã); e numa tarde que pegamos um barquinho para almoçar em Paraga
Beach.
Nas paradas do barquinho,
vimos Super Paradise Beach, Paradise Beach e descemos em Paraga Beach. Sinceramente,
em matéria de mar, todas se parecem muito. Mas eu estava infinitamente melhor
localizada em Elia Beach, que tem a extensão de areia mais larga e não tem
aquele bando de gente querendo beber, dançar e se pegar na areia. Se o assunto
é paraíso, Elia sai ganhando das demais paradises de Míconos.
Paradise Beach. |
O clima esquenta nas
praias de festa ao final do dia, lá pelas 5 da tarde (o Sol se põe às 8). À
noite tem festa mesmo. No entanto, tome cuidado: o barco que te leva de Elia
Beach até as praias de festa, tem o último retorno marcado para as 4:20. Com
insistência, conseguimos um retorno para 5:20. O porquê disso eu não sei, talvez
seja o mar. Então, se você quiser se hospedar em Elia e curtir uma festa até
mais tarde em Paradise, Super Paradise ou lá em Paraga, você até pode ir de
barco, mas saiba que terá que arranjar outro jeito de voltar: ou transporte
público ou taxi ou o seu transfer. Imagino que seja algo fácil de fazer, porque
muita gente faz.
Em Paraga Beach existe
uma espécie de restaurante/bar/lounge chamado Scorpians. É lindo, tem uma vista
de cima da praia, muitas espreguiçadeiras e almofadas para você contemplar o pôr
do sol, e eu vi a aparelhagem de música dos DJs que com certeza animam o fim de
tarde e noite ali no Scorpians. No entanto, como vocês sabem, tive que voltar
cedo por causa do filho e do barco.
Scorpians em Paraga Beach. |
Quais dicas de festa que
eu posso dar? Nenhuma... Mas os fogos de artifício que explodiram lá em
Paradise Beach, e podiam ser ouvidos quase que na ilha toda às 2 da madrugada
de sábado (pelo menos foi uma noite só), me dão a ideia de que deve ser algo
animado e maravilhoso para gente solteira e sem filhos.
Míconos – um destino gay / Elia Beach – a
praia de nudismo:
Todo
mundo sabe que, assim como Búzios tem muitos argentinos, Miami tem muitos
brasileiros, as praias de Portugal têm muitos ingleses: Míconos é o sonho de
consumo de muitos gays mundo afora. Todo mundo me pergunta como esses fluxos de
um determinado nicho começam: eu acho que uma pessoa vai, gosta, começa a contar
para seus amigos e conhecidos e forma-se uma comunidade com o passar do
tempo – é o “boca a boca” que dá certo.
Elia Beach é um dos recantos gays de Míconos, povoada por casais e grupos de amigos solteiros com zero % de gordura corporal. Atenção para você que está procurando e só quer dar close certo nessa vida: eles estão em toda a extensão da praia, mas existe uma área da areia, mais à direita de quem olha para o mar, após umas pedras, que é a área de nudismo. Ela obviamente é aberta para “gregos e troianos”, mas grande parte de seus frequentadores é gay. Sei disso porque ao fazer aquela viagem de barco até Paraga, eu vi uma enorme bandeira do movimento gay tremulando lá nesse canto da praia, até então desconhecido para mim. Todos que lá estão, nesse canto do paraíso, almoçam, assim como nós da área “família” da praia, no mesmo restaurante: o maravilhoso restaurante do meu hotel. E foi só assim que eu comecei a entender, ao final da viagem, porque o canto de Elia Beach onde eu estava, começava a ser inundado por casais gays na hora do almoço e ao longo da tarde.
Pronto,
já dei a dica para os amigos certos! =)
Enfim, a viagem foi muito boa!
Últimas dicas: não deixem de provar o Martini
de maracujá servido no restaurante (ou na praia, pelos garçons da areia):
chama-se Porn Star Martini! E claro: comam muita lula frita e o camarão que se
desmancha na boca! E prendam os cabelos no vento das Cíclades!
Olha o martini aí! |
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